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[domingo, 5 de agosto de 2007]
Especial Entrevistas .:Revista Criativa 2006:.
A atriz Alessandra Negrini volta à TV na minissérie “JK”, com uma personagem indomável como ela.
A atriz Alessandra Negrini tem uma nova paixão: os cavalos. Desde outubro passado, quando recebeu o convite para viver, na minissérie 'JK', a socialite Yedda Ovalle Schmidt, uma exímia amazona, ela vem praticando equitação quase todos os dias em um haras em Vargem Grande (RJ). Alessandra, que morria de medo de montar, agora planeja até comprar cavalos. 'Yedda foi campeã de hipismo. Para entendê-la melhor, resolvi aprender a fazer aquilo que ela mais amava na vida', diz. Foi rápido. Hoje, quatro meses depois, ela já pode se gabar de ser uma ótima amazona. 'Foi um presente que recebi da personagem. Quando estou cavalgando tenho uma sensação de liberdade que nunca havia experiexperimentado antes. É bom demais!', vibra.
Yedda marca a volta de Alessandra à TV, após quase quatro anos de ausência. Seu último grande papel na Globo tinha sido a interesseira Selma, na novela 'Desejo de Mulher', de 2002. Longe da telinha, a atriz dedicou boa parte do tempo ao cinema. Participou de 'Sexo, Amor e Traição', longa de Jorge Fernando de 2004. É uma das estrelas do mais novo trabalho do premiado cineasta Walter Lima Jr., 'Desafinados', com estréia prevista para este primeiro semestre. Divide a cena com Rodrigo Santoro, Claudia Abreu e Selton Mello. Ela ainda interpretou Cleópatra no esperado filme homônimo de Júlio Bressane, rodado em 2005 e ainda sem data de lançamento. 'Ano passado foi particularmente feliz. Tive encontros fantásticos com dois diretores maravilhosos, Walter e Bressane. Me senti recompensada.'
SEM MEDO DE SER ESQUECIDA
A atriz teve um bom motivo para ficar longe da TV. Mãe de Antônio, de 9 anos, fruto do seu relacionamento com o ator Murilo Benício, Alessandra deu à luz em novembro de 2004 Betina, filha do músico pernambucano Otto, com quem está casada há quase três anos. 'Quis dar um tempo para curtir a gravidez e a minha filhinha. Só comecei a filmar depois que desmamei Betina.' Mas ela confessa que não gosta de ficar muito tempo parada. Tanto que até o sexto mês de gestação bateu ponto no Teatro Sesc, em São Paulo, com a peça 'Credores', do sueco August Strindberg. 'As pessoas me conhecem mais da televisão, mas minha casa é mesmo o teatro', diz. 'É para onde volto quando quero recarregar as baterias.'
Aos 35 anos, 15 de profissão, Alessandra admite que o longo e proposital jejum televisivo teve outro motivo: ela odeia a superexposição que o veículo provoca. 'Quando estou no ar, o assédio da mídia aumenta terrivelmente, não tenho sossego. Então, gosto de me recolher de tempos em tempos', afirma. 'Tem gente que cultiva a superexposição com medo de ser esquecida. Eu não preciso disso para manter meu trabalho.' A atriz não se incomoda em ser abordada por fãs na rua. O que detesta é o assédio dos fotógrafos - que ultimamente a perseguem com insistência pelo Leblon, bairro onde mora no Rio de Janeiro. 'Não me dão paz nem para tomar uma água-de-coco com as crianças num quiosque da praia', reclama. Sem se deixar intimidar, a atriz continua fazendo tudo o que gosta, desde ir à feira ou ao supermercado até passear com os filhos na pracinha. 'Não devo nada a ninguém e não me deixo cercear. Vou a todos os lugares, mas da minha intimidade só eu sei.'
OUSADIA DE SOBRA
Pelas suas contas, o ideal seria fazer TV de dois em dois anos. Desta vez, o afastamento foi mais prolongado por causa da gravidez. Mas, no final, ela acha que o retorno aconteceu na hora certa e em grande estilo. 'O momento não poderia ser melhor. Retornei com uma personagem extremamente instigante; estou adorando fazer a Yedda.' Alessandra conta que a equitação foi a chave que lhe abriu as portas para o mundo desta mulher que amava aventuras e sempre viveu à frente do seu tempo. 'Nos anos 40, ela já praticava ioga, era vegetariana, estudava filosofias orientais e adorava dirigir em alta velocidade. Não tinha papas na língua nem medo do que os outros pensavam dela', diz. O grande atributo de Yedda, esposa do poeta Augusto Schmidt e amiga do presidente Juscelino Kubitschek, diz a atriz, era a ousadia - e esse parece ser seu ponto em comum com a personagem.
Em 1995, ela não hesitou em aceitar o convite para o difícil papel de 'Engraçadinha', protagonista da minissérie homônima da Globo, baseada em uma das mais famosas peças de Nelson Rodrigues. Na época, a atriz tinha 25 anos e ainda era desconhecida do grande público. No entanto, encarou com garra o papel da menina dissimulada e sedutora que levava os homens às raias da loucura. Até então, na TV, Alessandra havia feito apenas um episódio do seriado 'Retratos de Mulher' (1993), estrelado por Regina Duarte e escrito por Alcides Nogueira - que, em parceria com Maria Adelaide Amaral, é autor de 'JK'.
Quando escreveu o episódio 'Era uma vez... Tereza', de 'Retratos de Mulher', Nogueira quis um rosto novo para viver a filha de Regina Duarte, e foi assim que acabou responsável pela estréia de Alessandra na televisão. Ao ver a fita-teste da atriz, ele diz que ficou 'absolutamente fascinado'. 'Além do carisma e da inteligência cênica, ela era lindíssima', justifica. 'Nunca mais tinha escrito para ela. Estou tendo esse prazer só agora, dez anos depois. Estou felicíssimo, porque Yedda foi uma grande mulher, que pouca gente conheceu, e Alessandra é o canal perfeito para que o público a descubra.' Antes da TV, esta paulistana fazia um teatro mais alternativo. Começou no Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), do diretor Antunes Filho, depois de cursar - e largar - Ciências Sociais na Universidade de São Paulo.
EX-SEM GRAÇA
Alessandra diz que foi uma criança tímida e muito magra, e até por isso se considerou 'feia, magricela e completamente sem graça' por um tempo. Só que seu diagnóstico estava errado. Depois de 'Engraçadinha', posou nua para uma revista masculina e bateu recordes de venda, em 2000. Agora, feliz com o próprio corpo, já não acha mais tão ruim ter sido magrela na infância. 'Cresci sem tendência para engordar', conta, acrescentando que hoje também não precisa fazer sacrifícios para se manter em forma. 'Detesto franguinho grelhado! Mas procuro me alimentar de modo saudável e malhar três vezes por semana.'
Ainda bem que ela não precisa fechar a boca, pois seu hobby é cozinhar. 'No seu último aniversário, fez um vatapá que ficou delicioso', elogia o marido e fã de carteirinha. 'Além de linda, ela é inteligente, sensível, engraçada... Sou totalmente encantado, Alessandra é minha musa inspiradora', derrama-se Otto. Uma musa ativa, por sinal. No último CD dele, 'Sem Gravidade', Alessandra canta quatro músicas e é autora da foto da capa. 'São pequenas provas da sua grande versatilidade', diz Otto. 'Quando se entrega a um trabalho, ela faz isso de corpo inteiro. Na época das filmagens de 'Cleópatra', tínhamos uma verdadeira rainha andando dentro de casa.'
por Aninha * 15:28
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